terça-feira, 29 de setembro de 2009

Yelda.

Segundo uma lenda afegã a noite da YELDA é a noite mais longa do ano, é a primeira noite do mês de jadi, a primeira noite do inverno. Alguns dizem que lobos sobem até aos picos das montanhas pra sentirem o sol, entre outras coisas. Segundo os poetas e romancistas afegãos a noite da Yelda é uma noite sem estrelas onde os apaixonados sofrem durante toda a noite, contemplando a escuridão e desejando o nascer do sol para que esse traga consigo o seu grande amor.*

Alguns passam a dias na Yelda, outros, semanas, meses, anos e até uma vida, porém nunca sabem quando é que uma estrela cadente cruza os céus escuros da yelda e anuncia uma boa nova e a esperança de um dia quente e ensolarado! Quente pelo calor humano, ensolarado pelos olhos azuis que iluminam a sua face.

A Yelda nos traz o auto-controlo, a arte de amansar a fera que habita o nosso intimo e que por vezes nos destrói. Fera esta que abre buracos na alma e faz-nos sangrar até a morte, morte por saudade, morte por amor.

A Yelda nos faz praticar a paciência, o valorizar pequenos momentos, pequenas carícias, gestos, palavras, suspiros, mensagens, fotos .... olhar!!! O mesmo olhar azul das manhães seguintes a Yelda.

A paciência e a ansiedade da chegada a casa após dias de exílio onde a saudade era apenas diminuida pelos avanços tecnológicos, em palavras de conforto e cafés com amigos em comum.

Hoje vivo a minha Yelda, que se estende mais que deveria mas talvez menos que o merecido, ela foi imposta por outros, mas eu sei que já falta pouco pros meus queridos olhos azuis invadirem as minhas janelas trazendo com eles o sol da manhã seguinte a Yelda.

*Trecho adaptado do livro O CAÇADOR DE PIPAS, romance de Khaled Hosseini.